quinta-feira, 2 de abril de 2009

Acho que poderíamos ser amigos

O verão está por aqui, passeando pelos fios do seu cabelo. Acho que poderíamos ser amigos, saindo pela porta de trás do colégio e olhando os sapos fugirem do lago, fugindo como nós. E até que temos algo de respeitável por aqui, nunca mais fugiremos novamente. Correr para longe é o caminho mais fácil para chegar mais perto.
Deitados na beira da estrada, nada nem ninguém poderia nos incomodar, porque em qualquer momento que alguém tentasse seria atrapalhado e intimidado por nossas línguas que trabalhavam em algo mais importante do que gesticular palavras que ninguém nunca daria ouvidos. Quando você faz algo planejado, as pessoas não se incomodam, porque tudo continua de acordo com os padrões, e isso é o mais importante: padronização.
Mas a graça é fazer algo sem avisar, inesperado e fora de tudo que eles queriam ou esperavam de você. É aí que o desespero chega, a boca se abre e os olhos arregalam-se. Poderia você aguentar essa pressão? E nós continuamos sentados na beira da estrada, agora com as mãos entrelaçadas, ainda sem algo ou alguém que possa fazer alguma coisa para nos atrapalhar, porque nada faria com que nossos dedos se separassem, e é isso que torna as pessoas menos vulneráveis e mais temíveis: sentimento recíproco. E sentimentos são as coisas que mais assustam, assustaram e assustarão as pessoas, porque eles fazem com que alguém que nada pode possa tudo.
E é assim que eu e você vamos ganhar o mundo, fazendo o que sabemos fazer. E já que voltar seria o certo para os outros, quebramos as regras e fazemos o errado. Meus dedos em você, sua boca na minha pele. Olhos vítreos e sem sentimento, corpos unidos fisicamente mas longes psicologicamente, e nada poderia ser mais prazeroso que fazer isso a tarde inteira contigo. O sol se põe mas o verão ainda está em seus cabelos, meu corpo vai para longe do seu e no dia seguinte eu conheço outra garota. Acho que poderíamos ser amigos, fugindo pelo portão de trás do colégio...

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