sexta-feira, 20 de março de 2009

Surras, sonhos e senhores

A vivência do prazer estava larga como um oceano, se expandindo em todos os lados e direções, mas estava tão rasa quanto um espelho de água. Quase seco. Só existia uma solução, que na verdade nada solucionava: sumir. Às vezes o nada é mais sedutor. Uma folha de papel sem começo, meio ou fim. Sem traços de lápis, manchas de tintas ou qualquer fragmento sujo. Um grande nada. O que pode parecer bem interessante para quem tudo se tem. E tedioso para aqueles que vivem nesse mesmo local de corações opacos.

Vivemos em nossa gaiola emocional. Sujando-a com nossos rastros venenosos e esperando que alguém limpe-a; porque é difícil demais fazer o trabalho sem outro par de mãos. A vida anda quieta. E por que será, por que, que nada de extraordinário tem acontecido? Fácil. As suas ações não são nada extraordinárias também. Elas são medíocres, fazendo com que as conseqüências sejam curtas e relevantes, diminuindo o seu interesse pela vida e o interesse de outros por você. "Faça algo", seria o certo a dizer, não é? Não. Fique parado. De um jeito amável, as coisas vão acontecer de uma forma surpreendente. Porque quando estamos ocupados tentando quebrar a nossa rotina, tudo que poderia ser interessante ou diferente fica invisível. Mudando de direção e se esquivando, deixando de lembrança só o vento. Aquele que sopra por nossas orelhas, sussurrando palavras mudas.

Especulações de uma vida melhor. Especulações que nada nos dão ao não ser surras. Pequenas pancadas que procuram aliviar a tensão que tanto machuca os músculos do agressor. Com motivos, o sangue escorre facilmente. Molhando a pele machucada que por fim explodiu. O motivo de toda confusão, são as expectativas de pequenos sonhos ainda não vivenciados. Aqueles que podemos sentir até o cheiro, mas não podemos comê-lo por inteiro. Ficando frustrados com a pequena amostra que conseguimos. Nada é melhor que pouco. Então senhores, continuarão ajudando o que naturalmente não pede a ajuda dos outros. Solucionando de uma forma errada, por mais que seja da forma certa.

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